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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O tempo não resiste à Bruna Lombardi

Revista Isto é Gente Edição 106



















Aos 48 anos, dez deles em Los Angeles, a atriz mantém-se bela e imune ao tempo, faz filme no Brasil e diz que se acha “interessantíssima” mas que é impossível entendê-la



O nome – Bruna Patrícia Romilda Maria Teresa Lombardi – a tornou famosa entre alunos e professores do colégio Dante Alighieri, em São Paulo, nos anos 60. “Minha mãe previu que eu seria várias”, brinca ela, filha de uma aus
tríaca e um italiano. Criada num ambiente de informação, vencia os concursos de poesia de que participava e, com oito anos, recitava poemas em outros colégios paulistano.

E é assim até hoje. Não que ainda freqüente escolas. Para uma mulher que é pura poesia, Bruna parece declamar versos enquanto fala de si mesma: “Quando vou me conhecendo, mudo de repente. É como um rio que tem de abrir seu curso.


O que posso fazer? Reter as águas caudalosas?”. Há dez anos morando em Los Angeles com o marido Carlos Alberto Ricelli, 54 anos, e o filho Kim, 18, a atriz esteve em São Paulo para as gravações do longa O Príncipe, de Ugo Giorgetti, cuja estréia está prevista para o começo de 2002. Longe dos sets de filmagem, Bruna diz que, aos 48 anos, é um personagem complexo. E, de novo, a poetisa se explica: “Sou contraditória, tão escamada, em ebulição. Adoro isso porque me torno interessantíssima”, conta. “Tenho uma mente analítica. Sou muito mais intuitiva, louca, do que didática.” Bruna faz o estilo despojado. Chega de rosto lavado depois das filmagens. Os olhos claros, brilhantes, hipnotizam. Em alguns minutos, depois de maquiada e diante de uma câmera fotográfica, ela exibe sua beleza imune ao tempo. “Ando sem maquiagem o dia inteiro, não uso batons chamativos. Mas faço ginástica diariamente e me produzo para sair”, diz. Avessa a formalidades – ela coloca os pés em cima da cadeira e senta-se abraçada aos joelhos –, Bruna avisa: “É impossível me entender”. E jamais pensou em esparramar-se num divã para colocar ordem nas coisas. Aprendeu, porém, a conviver com o caos que se instalou em sua vida.


Hoje, depois de oito filmes, quinze novelas e cinco livros publicados, Bruna se dá ao luxo de dizer: “Nunca quis ser famosa”. Numa aula de balé, ainda adolescente, foi pinçada para a carreira de modelo. Nas primeiras fotos, aos 13 anos, ouviu o elogio que a persegue até hoje: “Você é muito sensual”. Com uniforme de colégio, o “bichinho que olhava para todos com um certo clima fantasioso” desconfiou, mas foi em frente. E até hoje ela tem o espírito de batalha. “Vou à luta apesar de parecer uma loira frívola”, diz.

Pode parecer desatino, mas Bruna achou que a solidão fosse seu destino. “Não passava pela minha cabeça dar certo num relacionamento. Achava que minha personalidade não fosse fascinar ninguém. Por isso, sempre pensava que acabaria sozinha”, conta. Acabou, no entanto, nos braços de um colega de trabalho. Vinte e um anos depois de juntarem os trapos – Bruna e Ricelli não se casaram na igreja e nem no civil –, ela garante que o casamento nunca esfriou, mas não explica como. “Sentimos o mesmo tesão um pelo outro.” E
opina: “O sexo é 100% da vida de um casal”. Ela e o marido não passam duas semanas sem se ver. O pacto foi firmado há três anos e parece ser necessário para quem, como Bruna, assume ser “uma jogada na vida”. “Conosco não tem esse papo de que às vezes é bom ficar longe para dar saudade. Nem o de que à medida que o tempo passa ficamos mais amigos”, frisa Ricelli. “O fascínio continua o mesmo, em todos os sentidos.”



“Quando vou me conhecendo, mudo de repente. É como um rio que tem de abrir seu curso. O que posso fazer? Reter as águas caudalosas?” Bruna Lombardi
Kim, o filho do casal, adaptou-se bem à falta de rotina dos pais. Há um ano o jovem freqüenta o curso de cinema numa universidade em Los Angeles. Ele e Bruna se falam todos os dias. São tão cúmplices que se comunicam em códigos. “A gente é capaz de conversar horas e ninguém entender o que falamos”, conta a atriz. A Bruna mãe senta na roda de amigos do filho para contar experiências da vida e não costuma interferir nas decisões dele. Ela não se diz contrária, por exemplo, ao fato de um jovem experimentar maconha apenas por curiosidade. “Repressão só faz mal. Eu oriento, mas libero. É uma liberdade com responsabilidade. Proibir gera a delícia do proibido. É a formação do Kim que vai levá-lo para um lado ou para outro.”




Kim, o filho do casal, adaptou-se bem à falta de rotina dos pais. Há um ano o jovem freqüenta o curso de cinema numa universidade em Los Angeles. Ele e Bruna se falam todos os dias. São tão cúmplices que se comunicam em códigos. “A gente é capaz de conversar horas e ninguém entender o que falamos”, conta a atriz. A Bruna mãe senta na roda de amigos do filho para contar experiências da vida e não costuma interferir nas decisões dele. Ela não se diz contrária, por exemplo, ao fato de um jovem experimentar maconha apenas por curiosidade. “Repressão só faz mal. Eu oriento, mas libero. É uma liberdade com responsabilidade. Proibir gera a delícia do proibido. É a formação do Kim que vai levá-lo para um lado ou para

Kim, por sua vez, prefere o anonimato. Há mais de dez anos ele e a mãe não posam juntos para uma sessão de fotos. Mas não se desgrudam. Quando não engatam uma conversa vão a concertos de rock – já marcaram presença nos shows do Radiohead e Portshead, bandas cultuadas que jamais se apresentaram no Brasil. “Nunca precisei levantar o tom de voz para ele”, conta a atriz. “A América se encarrega de educar seu filho. A quantidade de informação é tão grande que você não precisa ficar no pé para ver como ele se comporta em relação à aids, sexo e drogas.”

Poetisa, modelo, atriz e jornalista formada, Bruna não chegou a conhecer seu maior admirador, provavelmente aquele que melhor a definiu. O poeta Vinícius de Moraes disse nos anos 70 que “Bruna é um metro e meio de perfeição”. Vinícius errou por pouco – na verdade em treze centímetros, pois ela tem 1,63m – mas acertou em cheio ao enviar à musa e poetisa um livro autografado. “Sou uma grande admiradora dele”, diz Bruna
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