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terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Cara-a cara com Bruna Lombardi
Beleza
“Me elogiaram e elogiam tanto que falo ‘ok’, mas não vejo o que as pessoas estão vendo. Tenho tantas caras.
Na real sou um jeans, uma camiseta e uma cara lavada. Demora muito tempo para alcançar a beleza. Ainda não cheguei lá. Falta tempo e sabedoria”
Numa carreata com Fernando Henrique Cardoso, em 1978
Fama
“Me considero superanônima. Nem sei como me conhecem tanto. Não faço tevê há um tempão, mas todos sabem meu nome, me tratam com a maior intimidade e nem estranho mais. Tanto faz ser ou não famosa”
Entrevistando o diretor de cinema Oliver Stone para o Gente de Expressão
Políticos
“Não pertenço à mesma raça humana que essas pessoas. Fico chocada quando o governo pega dinheiro que serviria para melhorar a vida das pessoas e os políticos acumulam fortuna. Não tenho rabo preso, não consto do imposto de ninguém. Quando não acho correto, falo na lata, sem o menor pudor. Fico tão forte. Pareço uma fera. Nessas horas, dez homens não podem comigo”
“Me elogiaram e elogiam tanto que falo ‘ok’, mas não vejo o que as pessoas estão vendo. Tenho tantas caras.
Na real sou um jeans, uma camiseta e uma cara lavada. Demora muito tempo para alcançar a beleza. Ainda não cheguei lá. Falta tempo e sabedoria”
Numa carreata com Fernando Henrique Cardoso, em 1978
Fama
“Me considero superanônima. Nem sei como me conhecem tanto. Não faço tevê há um tempão, mas todos sabem meu nome, me tratam com a maior intimidade e nem estranho mais. Tanto faz ser ou não famosa”
Entrevistando o diretor de cinema Oliver Stone para o Gente de Expressão
Políticos
“Não pertenço à mesma raça humana que essas pessoas. Fico chocada quando o governo pega dinheiro que serviria para melhorar a vida das pessoas e os políticos acumulam fortuna. Não tenho rabo preso, não consto do imposto de ninguém. Quando não acho correto, falo na lata, sem o menor pudor. Fico tão forte. Pareço uma fera. Nessas horas, dez homens não podem comigo”
O tempo não resiste à Bruna Lombardi
Revista Isto é Gente Edição 106
Aos 48 anos, dez deles em Los Angeles, a atriz mantém-se bela e imune ao tempo, faz filme no Brasil e diz que se acha “interessantíssima” mas que é impossível entendê-la
O nome – Bruna Patrícia Romilda Maria Teresa Lombardi – a tornou famosa entre alunos e professores do colégio Dante Alighieri, em São Paulo, nos anos 60. “Minha mãe previu que eu seria várias”, brinca ela, filha de uma austríaca e um italiano. Criada num ambiente de informação, vencia os concursos de poesia de que participava e, com oito anos, recitava poemas em outros colégios paulistano.
E é assim até hoje. Não que ainda freqüente escolas. Para uma mulher que é pura poesia, Bruna parece declamar versos enquanto fala de si mesma: “Quando vou me conhecendo, mudo de repente. É como um rio que tem de abrir seu curso.
O que posso fazer? Reter as águas caudalosas?”. Há dez anos morando em Los Angeles com o marido Carlos Alberto Ricelli, 54 anos, e o filho Kim, 18, a atriz esteve em São Paulo para as gravações do longa O Príncipe, de Ugo Giorgetti, cuja estréia está prevista para o começo de 2002. Longe dos sets de filmagem, Bruna diz que, aos 48 anos, é um personagem complexo. E, de novo, a poetisa se explica: “Sou contraditória, tão escamada, em ebulição. Adoro isso porque me torno interessantíssima”, conta. “Tenho uma mente analítica. Sou muito mais intuitiva, louca, do que didática.” Bruna faz o estilo despojado. Chega de rosto lavado depois das filmagens. Os olhos claros, brilhantes, hipnotizam. Em alguns minutos, depois de maquiada e diante de uma câmera fotográfica, ela exibe sua beleza imune ao tempo. “Ando sem maquiagem o dia inteiro, não uso batons chamativos. Mas faço ginástica diariamente e me produzo para sair”, diz. Avessa a formalidades – ela coloca os pés em cima da cadeira e senta-se abraçada aos joelhos –, Bruna avisa: “É impossível me entender”. E jamais pensou em esparramar-se num divã para colocar ordem nas coisas. Aprendeu, porém, a conviver com o caos que se instalou em sua vida.
Hoje, depois de oito filmes, quinze novelas e cinco livros publicados, Bruna se dá ao luxo de dizer: “Nunca quis ser famosa”. Numa aula de balé, ainda adolescente, foi pinçada para a carreira de modelo. Nas primeiras fotos, aos 13 anos, ouviu o elogio que a persegue até hoje: “Você é muito sensual”. Com uniforme de colégio, o “bichinho que olhava para todos com um certo clima fantasioso” desconfiou, mas foi em frente. E até hoje ela tem o espírito de batalha. “Vou à luta apesar de parecer uma loira frívola”, diz.
Pode parecer desatino, mas Bruna achou que a solidão fosse seu destino. “Não passava pela minha cabeça dar certo num relacionamento. Achava que minha personalidade não fosse fascinar ninguém. Por isso, sempre pensava que acabaria sozinha”, conta. Acabou, no entanto, nos braços de um colega de trabalho. Vinte e um anos depois de juntarem os trapos – Bruna e Ricelli não se casaram na igreja e nem no civil –, ela garante que o casamento nunca esfriou, mas não explica como. “Sentimos o mesmo tesão um pelo outro.” E opina: “O sexo é 100% da vida de um casal”. Ela e o marido não passam duas semanas sem se ver. O pacto foi firmado há três anos e parece ser necessário para quem, como Bruna, assume ser “uma jogada na vida”. “Conosco não tem esse papo de que às vezes é bom ficar longe para dar saudade. Nem o de que à medida que o tempo passa ficamos mais amigos”, frisa Ricelli. “O fascínio continua o mesmo, em todos os sentidos.”
“Quando vou me conhecendo, mudo de repente. É como um rio que tem de abrir seu curso. O que posso fazer? Reter as águas caudalosas?” Bruna Lombardi
Kim, o filho do casal, adaptou-se bem à falta de rotina dos pais. Há um ano o jovem freqüenta o curso de cinema numa universidade em Los Angeles. Ele e Bruna se falam todos os dias. São tão cúmplices que se comunicam em códigos. “A gente é capaz de conversar horas e ninguém entender o que falamos”, conta a atriz. A Bruna mãe senta na roda de amigos do filho para contar experiências da vida e não costuma interferir nas decisões dele. Ela não se diz contrária, por exemplo, ao fato de um jovem experimentar maconha apenas por curiosidade. “Repressão só faz mal. Eu oriento, mas libero. É uma liberdade com responsabilidade. Proibir gera a delícia do proibido. É a formação do Kim que vai levá-lo para um lado ou para outro.”
Kim, o filho do casal, adaptou-se bem à falta de rotina dos pais. Há um ano o jovem freqüenta o curso de cinema numa universidade em Los Angeles. Ele e Bruna se falam todos os dias. São tão cúmplices que se comunicam em códigos. “A gente é capaz de conversar horas e ninguém entender o que falamos”, conta a atriz. A Bruna mãe senta na roda de amigos do filho para contar experiências da vida e não costuma interferir nas decisões dele. Ela não se diz contrária, por exemplo, ao fato de um jovem experimentar maconha apenas por curiosidade. “Repressão só faz mal. Eu oriento, mas libero. É uma liberdade com responsabilidade. Proibir gera a delícia do proibido. É a formação do Kim que vai levá-lo para um lado ou para
Kim, por sua vez, prefere o anonimato. Há mais de dez anos ele e a mãe não posam juntos para uma sessão de fotos. Mas não se desgrudam. Quando não engatam uma conversa vão a concertos de rock – já marcaram presença nos shows do Radiohead e Portshead, bandas cultuadas que jamais se apresentaram no Brasil. “Nunca precisei levantar o tom de voz para ele”, conta a atriz. “A América se encarrega de educar seu filho. A quantidade de informação é tão grande que você não precisa ficar no pé para ver como ele se comporta em relação à aids, sexo e drogas.”
Poetisa, modelo, atriz e jornalista formada, Bruna não chegou a conhecer seu maior admirador, provavelmente aquele que melhor a definiu. O poeta Vinícius de Moraes disse nos anos 70 que “Bruna é um metro e meio de perfeição”. Vinícius errou por pouco – na verdade em treze centímetros, pois ela tem 1,63m – mas acertou em cheio ao enviar à musa e poetisa um livro autografado. “Sou uma grande admiradora dele”, diz Bruna.
O nome – Bruna Patrícia Romilda Maria Teresa Lombardi – a tornou famosa entre alunos e professores do colégio Dante Alighieri, em São Paulo, nos anos 60. “Minha mãe previu que eu seria várias”, brinca ela, filha de uma austríaca e um italiano. Criada num ambiente de informação, vencia os concursos de poesia de que participava e, com oito anos, recitava poemas em outros colégios paulistano.
E é assim até hoje. Não que ainda freqüente escolas. Para uma mulher que é pura poesia, Bruna parece declamar versos enquanto fala de si mesma: “Quando vou me conhecendo, mudo de repente. É como um rio que tem de abrir seu curso.
O que posso fazer? Reter as águas caudalosas?”. Há dez anos morando em Los Angeles com o marido Carlos Alberto Ricelli, 54 anos, e o filho Kim, 18, a atriz esteve em São Paulo para as gravações do longa O Príncipe, de Ugo Giorgetti, cuja estréia está prevista para o começo de 2002. Longe dos sets de filmagem, Bruna diz que, aos 48 anos, é um personagem complexo. E, de novo, a poetisa se explica: “Sou contraditória, tão escamada, em ebulição. Adoro isso porque me torno interessantíssima”, conta. “Tenho uma mente analítica. Sou muito mais intuitiva, louca, do que didática.” Bruna faz o estilo despojado. Chega de rosto lavado depois das filmagens. Os olhos claros, brilhantes, hipnotizam. Em alguns minutos, depois de maquiada e diante de uma câmera fotográfica, ela exibe sua beleza imune ao tempo. “Ando sem maquiagem o dia inteiro, não uso batons chamativos. Mas faço ginástica diariamente e me produzo para sair”, diz. Avessa a formalidades – ela coloca os pés em cima da cadeira e senta-se abraçada aos joelhos –, Bruna avisa: “É impossível me entender”. E jamais pensou em esparramar-se num divã para colocar ordem nas coisas. Aprendeu, porém, a conviver com o caos que se instalou em sua vida.
Hoje, depois de oito filmes, quinze novelas e cinco livros publicados, Bruna se dá ao luxo de dizer: “Nunca quis ser famosa”. Numa aula de balé, ainda adolescente, foi pinçada para a carreira de modelo. Nas primeiras fotos, aos 13 anos, ouviu o elogio que a persegue até hoje: “Você é muito sensual”. Com uniforme de colégio, o “bichinho que olhava para todos com um certo clima fantasioso” desconfiou, mas foi em frente. E até hoje ela tem o espírito de batalha. “Vou à luta apesar de parecer uma loira frívola”, diz.
Pode parecer desatino, mas Bruna achou que a solidão fosse seu destino. “Não passava pela minha cabeça dar certo num relacionamento. Achava que minha personalidade não fosse fascinar ninguém. Por isso, sempre pensava que acabaria sozinha”, conta. Acabou, no entanto, nos braços de um colega de trabalho. Vinte e um anos depois de juntarem os trapos – Bruna e Ricelli não se casaram na igreja e nem no civil –, ela garante que o casamento nunca esfriou, mas não explica como. “Sentimos o mesmo tesão um pelo outro.” E opina: “O sexo é 100% da vida de um casal”. Ela e o marido não passam duas semanas sem se ver. O pacto foi firmado há três anos e parece ser necessário para quem, como Bruna, assume ser “uma jogada na vida”. “Conosco não tem esse papo de que às vezes é bom ficar longe para dar saudade. Nem o de que à medida que o tempo passa ficamos mais amigos”, frisa Ricelli. “O fascínio continua o mesmo, em todos os sentidos.”
“Quando vou me conhecendo, mudo de repente. É como um rio que tem de abrir seu curso. O que posso fazer? Reter as águas caudalosas?” Bruna Lombardi
Kim, o filho do casal, adaptou-se bem à falta de rotina dos pais. Há um ano o jovem freqüenta o curso de cinema numa universidade em Los Angeles. Ele e Bruna se falam todos os dias. São tão cúmplices que se comunicam em códigos. “A gente é capaz de conversar horas e ninguém entender o que falamos”, conta a atriz. A Bruna mãe senta na roda de amigos do filho para contar experiências da vida e não costuma interferir nas decisões dele. Ela não se diz contrária, por exemplo, ao fato de um jovem experimentar maconha apenas por curiosidade. “Repressão só faz mal. Eu oriento, mas libero. É uma liberdade com responsabilidade. Proibir gera a delícia do proibido. É a formação do Kim que vai levá-lo para um lado ou para outro.”
Kim, o filho do casal, adaptou-se bem à falta de rotina dos pais. Há um ano o jovem freqüenta o curso de cinema numa universidade em Los Angeles. Ele e Bruna se falam todos os dias. São tão cúmplices que se comunicam em códigos. “A gente é capaz de conversar horas e ninguém entender o que falamos”, conta a atriz. A Bruna mãe senta na roda de amigos do filho para contar experiências da vida e não costuma interferir nas decisões dele. Ela não se diz contrária, por exemplo, ao fato de um jovem experimentar maconha apenas por curiosidade. “Repressão só faz mal. Eu oriento, mas libero. É uma liberdade com responsabilidade. Proibir gera a delícia do proibido. É a formação do Kim que vai levá-lo para um lado ou para
Kim, por sua vez, prefere o anonimato. Há mais de dez anos ele e a mãe não posam juntos para uma sessão de fotos. Mas não se desgrudam. Quando não engatam uma conversa vão a concertos de rock – já marcaram presença nos shows do Radiohead e Portshead, bandas cultuadas que jamais se apresentaram no Brasil. “Nunca precisei levantar o tom de voz para ele”, conta a atriz. “A América se encarrega de educar seu filho. A quantidade de informação é tão grande que você não precisa ficar no pé para ver como ele se comporta em relação à aids, sexo e drogas.”
Poetisa, modelo, atriz e jornalista formada, Bruna não chegou a conhecer seu maior admirador, provavelmente aquele que melhor a definiu. O poeta Vinícius de Moraes disse nos anos 70 que “Bruna é um metro e meio de perfeição”. Vinícius errou por pouco – na verdade em treze centímetros, pois ela tem 1,63m – mas acertou em cheio ao enviar à musa e poetisa um livro autografado. “Sou uma grande admiradora dele”, diz Bruna.
Sintonia na vida e na arte
Edição 385 - 23/01/08
Às vésperas de estrear O Signo da Cidade, filme escrito e estrelado por ela e dirigido por ele, Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli falam da parceria profissional e do casamento que mantêm há 30 anos
POR LETÍCIA PIMENTA
Juntos há 30 anos, os atores Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli parecem conservar o mesmo olhar apaixonado do início da relação, que começou na novela Aritana, exibida pela extinta TV Tupi, entre 1978 e 1979. A sintonia entre os dois ficou evidente durante a entrevista concedida a QUEM para divulgar o filme O Signo da Cidade, que tem roteiro de Bruna (que também atua no longa), direção de Riccelli e ainda conta com a participação do filho do casal, Kim, de 25 anos, como ator e diretorassistente. A atriz, de 55, e o ator, de 61, vivem em Los Angeles desde 1991. Lá, mantêm a produtora Pulsar, que durante dez anos fez o programa Gente de Expressão (1991-2001), no qual Bruna entrevistava celebridades internacionais. Agora, a empresa se dedica a documentários e cinema. Felizes com a repercussão em festivais do segundo filme (o primeiro é S.O.S. – Stress, Orgasms and Salvation, de 2005), O Signo da Cidade, que estréia nesta sexta-feira (25), em São Paulo, e no dia 1o de fevereiro, no Rio, Bruna e Riccelli falam sobre trabalho e o casamento duradouro.
QUEM: Vocês são casados e trabalham juntos. Como funciona isso?
BRUNA LOMBARDI: A gente conversa muito sobre trabalho. Temos as preferências muito parecidas. O diálogo é fácil, a gente entende rápido para onde o outro quer ir. Nós nos ouvimos.
CARLOS ALBERTO RICCELLI: Existe troca o tempo todo. Mesmo se não fôssemos uma família, a relação autor–diretor tem que ser muito intensa, pois tudo começa no roteiro. A principal função do diretor é tentar ser fiel ao que o autor quer dizer.
QUEM: Mas vocês nunca discordam?
BL: Quando existe convivência, é normal ter briga. A intimidade traz isso. Aí, temos que parar e dizer: “Não é por aí, vamos voltar ao trabalho”. Mas é um processo muito rico.
QUEM: O Kim está estreando como diretor-assistente, além de participar do filme como ator. Vocês influenciaram a escolha dele?
BL: Escrevi o papel especialmente para o Kim. Quando ele leu, gostou e topou fazer. Mas a gente nunca forçou nada. Ele faz o que quer. É um ótimo músico, ator (formado em teatro pela Universidade da Califórnia) e diretor. Integrou um grupo de teatro, o Lucent Dossier, e já se apresentou em Veneza, na Irlanda, em Tóquio.
QUEM: Por que vocês não quiseram ter mais filhos?
BL: A gente achou que só ia dar conta de um e acho que estamos dando. Nós somos um trio muito próximo. Temos intimidade, nenhuma formalidade e nenhuma hierarquia, aquela coisa de pai e mãe. Outro dia, saímos juntos e um repórter comentou: “Engraçado você sair com a sua mãe e não com os seus amigos”. E o Kim respondeu: “Ela é minha amiga”. Achei isso tão legal.
QUEM: Como é a rotina em Los Angeles?
BL: Depende do trabalho. Em momentos mais tranqüilos, gosto de cuidar do jardim, amo plantar. Minha casa precisa ter flores frescas. Meu jardim tem muita fruta. Também fazemos jantares, reunimos os amigos e todo mundo cozinha junto.
CAR: Faço tai chi chuan, jogo basquete e vou muito ao cinema. E a Bruna faz muita ioga.
QUEM: Por que vocês decidiram morar fora?
BL: Saímos do Brasil porque eu queria estudar. Fiz cinema na Universidade da Califórnia. Nada foi muito planejado. A gente foi ficando, mas sempre esteve aqui também. Jamais conseguimos sair completamente do Brasil. Temos nossa casa em São Paulo, a mesma onde o Kim nasceu.
QUEM: Vocês estão casados há 30 anos, algo cada vez mais raro. Como isso é possível?
BL: A gente nem conta o tempo que está casado. Não somos adeptos dos números e nunca pensamos no tempo. Por isso, parece que foi ontem e está sendo. Vivemos muito ocupados com nosso trabalho, que é intenso. Ter mergulhado em coisas que nos interessam também contribui para a longevidade da relação.
CAR: Se a gente está junto, não é pela convenção. É uma relação que deu certo, funcionou. É claro que amor, tesão e querer que o outro se sinta cada vez mais completo e realizado é indispensável em qualquer relação. Não pode haver insegurança nem medo de perder o outro. Nunca senti isso. Cada um é cada um e a gente mantém nossa individualidade. Quando se investe, é difícil dar errado. É assim com tudo na vida. Costumo usar uma frase: “Casamento é bom quando é cada vez melhor”.
QUEM: E como é possível ficar cada vez melhor?
CAR: Quando a gente consegue ouvir um ao outro e se entender. Uma briga que no começo da relação poderia nos deixar distantes durante uma semana hoje não deixa mais. Em meia hora, já está tudo resolvido. Para isso, é preciso ter paciência e aprender a se colocar no lugar do outro.
QUEM: A traição assombra o casamento?
BL: Quando estamos em uma relação, estamos vivos e correndo perigo. Uma das características do nosso trabalho é beijar a boca de outros atores. É preciso relaxar. Se você tiver ciúme, vai viver mal. Pode acontecer de eu me apaixonar por outra pessoa e ele também? Claro que pode. Nós não temos como controlar isso. A vida é feita de tentações e seduções.
CAR: A gente não sabe o que vai nos acontecer daqui a um minuto. Se eu vou me apaixonar, se ela vai se apaixonar. Não temos tempo para ficar adivinhando o futuro.
QUEM: Como reagiriam a uma traição?
BL: Não tenho a menor idéia de como eu reagiria a nada. Vou ver na hora.
CAR: Não penso sobre isso. É muito ruim ficar sofrendo com a possibilidade de que algo assim possa acontecer.
QUEM: Fidelidade é importante para vocês?
CAR: Nunca pensamos nisso, não é um assunto discutido entre nós. A vida é uma coisa muito aberta e ampla. A gente tem que estar aberto para tudo, aí basta optar.
QUEM: Significa então que a relação de vocês é aberta?
CAR: A vida é aberta. Não existe esse tipo de preocupação entre a gente.
QUEM: Como um conquistou o outro?
BL: At the first “hello”. (No primeiro “oi”.) O físico dele foi o que mais me chamou a atenção.
CAR: Comigo foi pelo mesmo motivo (risos).
QUEM: Vocês têm medo de envelhecer?
BL: Envelhecer é um grande privilégio, já que a outra opção é morrer. Se a gente está vivo, tem que agradecer. Mas, para tentar resolver um pouco os problemas do mundo, você tem que buscar estar sempre no seu melhor. Não só fisicamente, mas espiritualmente.
CAR: Estar vivo é isso. É tentar melhorar o que te cerca.
QUEM: Depois de 30 anos juntos, como fica o sexo no casamento?
BL: Se não melhorar, é melhor se separar (risos).
POR LETÍCIA PIMENTA
Juntos há 30 anos, os atores Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli parecem conservar o mesmo olhar apaixonado do início da relação, que começou na novela Aritana, exibida pela extinta TV Tupi, entre 1978 e 1979. A sintonia entre os dois ficou evidente durante a entrevista concedida a QUEM para divulgar o filme O Signo da Cidade, que tem roteiro de Bruna (que também atua no longa), direção de Riccelli e ainda conta com a participação do filho do casal, Kim, de 25 anos, como ator e diretorassistente. A atriz, de 55, e o ator, de 61, vivem em Los Angeles desde 1991. Lá, mantêm a produtora Pulsar, que durante dez anos fez o programa Gente de Expressão (1991-2001), no qual Bruna entrevistava celebridades internacionais. Agora, a empresa se dedica a documentários e cinema. Felizes com a repercussão em festivais do segundo filme (o primeiro é S.O.S. – Stress, Orgasms and Salvation, de 2005), O Signo da Cidade, que estréia nesta sexta-feira (25), em São Paulo, e no dia 1o de fevereiro, no Rio, Bruna e Riccelli falam sobre trabalho e o casamento duradouro.
QUEM: Vocês são casados e trabalham juntos. Como funciona isso?
BRUNA LOMBARDI: A gente conversa muito sobre trabalho. Temos as preferências muito parecidas. O diálogo é fácil, a gente entende rápido para onde o outro quer ir. Nós nos ouvimos.
CARLOS ALBERTO RICCELLI: Existe troca o tempo todo. Mesmo se não fôssemos uma família, a relação autor–diretor tem que ser muito intensa, pois tudo começa no roteiro. A principal função do diretor é tentar ser fiel ao que o autor quer dizer.
QUEM: Mas vocês nunca discordam?
BL: Quando existe convivência, é normal ter briga. A intimidade traz isso. Aí, temos que parar e dizer: “Não é por aí, vamos voltar ao trabalho”. Mas é um processo muito rico.
QUEM: O Kim está estreando como diretor-assistente, além de participar do filme como ator. Vocês influenciaram a escolha dele?
BL: Escrevi o papel especialmente para o Kim. Quando ele leu, gostou e topou fazer. Mas a gente nunca forçou nada. Ele faz o que quer. É um ótimo músico, ator (formado em teatro pela Universidade da Califórnia) e diretor. Integrou um grupo de teatro, o Lucent Dossier, e já se apresentou em Veneza, na Irlanda, em Tóquio.
QUEM: Por que vocês não quiseram ter mais filhos?
BL: A gente achou que só ia dar conta de um e acho que estamos dando. Nós somos um trio muito próximo. Temos intimidade, nenhuma formalidade e nenhuma hierarquia, aquela coisa de pai e mãe. Outro dia, saímos juntos e um repórter comentou: “Engraçado você sair com a sua mãe e não com os seus amigos”. E o Kim respondeu: “Ela é minha amiga”. Achei isso tão legal.
QUEM: Como é a rotina em Los Angeles?
BL: Depende do trabalho. Em momentos mais tranqüilos, gosto de cuidar do jardim, amo plantar. Minha casa precisa ter flores frescas. Meu jardim tem muita fruta. Também fazemos jantares, reunimos os amigos e todo mundo cozinha junto.
CAR: Faço tai chi chuan, jogo basquete e vou muito ao cinema. E a Bruna faz muita ioga.
QUEM: Por que vocês decidiram morar fora?
BL: Saímos do Brasil porque eu queria estudar. Fiz cinema na Universidade da Califórnia. Nada foi muito planejado. A gente foi ficando, mas sempre esteve aqui também. Jamais conseguimos sair completamente do Brasil. Temos nossa casa em São Paulo, a mesma onde o Kim nasceu.
QUEM: Vocês estão casados há 30 anos, algo cada vez mais raro. Como isso é possível?
BL: A gente nem conta o tempo que está casado. Não somos adeptos dos números e nunca pensamos no tempo. Por isso, parece que foi ontem e está sendo. Vivemos muito ocupados com nosso trabalho, que é intenso. Ter mergulhado em coisas que nos interessam também contribui para a longevidade da relação.
CAR: Se a gente está junto, não é pela convenção. É uma relação que deu certo, funcionou. É claro que amor, tesão e querer que o outro se sinta cada vez mais completo e realizado é indispensável em qualquer relação. Não pode haver insegurança nem medo de perder o outro. Nunca senti isso. Cada um é cada um e a gente mantém nossa individualidade. Quando se investe, é difícil dar errado. É assim com tudo na vida. Costumo usar uma frase: “Casamento é bom quando é cada vez melhor”.
QUEM: E como é possível ficar cada vez melhor?
CAR: Quando a gente consegue ouvir um ao outro e se entender. Uma briga que no começo da relação poderia nos deixar distantes durante uma semana hoje não deixa mais. Em meia hora, já está tudo resolvido. Para isso, é preciso ter paciência e aprender a se colocar no lugar do outro.
QUEM: A traição assombra o casamento?
BL: Quando estamos em uma relação, estamos vivos e correndo perigo. Uma das características do nosso trabalho é beijar a boca de outros atores. É preciso relaxar. Se você tiver ciúme, vai viver mal. Pode acontecer de eu me apaixonar por outra pessoa e ele também? Claro que pode. Nós não temos como controlar isso. A vida é feita de tentações e seduções.
CAR: A gente não sabe o que vai nos acontecer daqui a um minuto. Se eu vou me apaixonar, se ela vai se apaixonar. Não temos tempo para ficar adivinhando o futuro.
QUEM: Como reagiriam a uma traição?
BL: Não tenho a menor idéia de como eu reagiria a nada. Vou ver na hora.
CAR: Não penso sobre isso. É muito ruim ficar sofrendo com a possibilidade de que algo assim possa acontecer.
QUEM: Fidelidade é importante para vocês?
CAR: Nunca pensamos nisso, não é um assunto discutido entre nós. A vida é uma coisa muito aberta e ampla. A gente tem que estar aberto para tudo, aí basta optar.
QUEM: Significa então que a relação de vocês é aberta?
CAR: A vida é aberta. Não existe esse tipo de preocupação entre a gente.
QUEM: Como um conquistou o outro?
BL: At the first “hello”. (No primeiro “oi”.) O físico dele foi o que mais me chamou a atenção.
CAR: Comigo foi pelo mesmo motivo (risos).
QUEM: Vocês têm medo de envelhecer?
BL: Envelhecer é um grande privilégio, já que a outra opção é morrer. Se a gente está vivo, tem que agradecer. Mas, para tentar resolver um pouco os problemas do mundo, você tem que buscar estar sempre no seu melhor. Não só fisicamente, mas espiritualmente.
CAR: Estar vivo é isso. É tentar melhorar o que te cerca.
QUEM: Depois de 30 anos juntos, como fica o sexo no casamento?
BL: Se não melhorar, é melhor se separar (risos).
Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli se divertem na Colômbia
Revista quem 11/10/2010
Bruna Lombardi e o marido, Carlos Alberto Riccelli, se divertiram em Cartagena, na Colômbia, neste fim de semana.
Os atores assistiram a um seminário sobre a vida e obra do escritor colombiano Gabriel García Márquez, que fez parte da programação do evento promovido pelo LIDE (Grupo de Líderes Empresariais).
A atriz que se disse muito ligada à literatura, falou sobre seu interesse na obra do escritor."Conheço García Márquez e é uma grande oportunidade participar disso tudo", comentou Bruna.
Bruna Lombardi e o marido, Carlos Alberto Riccelli, se divertiram em Cartagena, na Colômbia, neste fim de semana.
Os atores assistiram a um seminário sobre a vida e obra do escritor colombiano Gabriel García Márquez, que fez parte da programação do evento promovido pelo LIDE (Grupo de Líderes Empresariais).
A atriz que se disse muito ligada à literatura, falou sobre seu interesse na obra do escritor."Conheço García Márquez e é uma grande oportunidade participar disso tudo", comentou Bruna.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
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